PROFESSOR
Edson Luís Moura Corassi, professor licenciado em Geografia (plena).Disciplina Específica da Licenciatura: • Geografia • Geografia Suplência • Geografia Geral • Geografia do Brasil • Geografia Humana • Geografia Física • Geociencias • Geografia Aplicada • Geografia Regional • Geografia Turística • Geoeconomia • Geopolítica • Geografia - Cartografia • Atualidades em Geografia Professor de história I, EMC, OSPB. - Especialista em cursinhos pré-vestibular. Sagitariano, Cristão, São Paulino,. PESQUISE
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segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Questão Agrária no Brasil.
Desde os tempos do descobrimento do Brasil, a questão fundiária sempre foi delicada e
complexa de ser tratada na prática. O problema fundiário no Brasil remonta a
aproximadamente ao ano de 1530, no qual a coroa portuguesa via-se numa
necessidade de expandir o território recém descoberto, além de descobrir a real
dimensão da extensão territorial e do tipo de terras que se tinha na colônia e
também pelo temor de Portugal de mais invasões estrangeiras, visto que, na
época, piratas ingleses, corsários, franceses e holandeses constantemente
saqueavam as riquezas recém descobertas da colônia.
Cria-se então, por
parte da coroa, o sistema de capitanias hereditárias, que consistia em se
distribuir vastas porções de terras do território brasileiro divididas em faixas
de linhas imaginárias que partiam do litoral até a delimitação imposta pelo
Tratado de Tordesilhas, que dividia em duas partes o Brasil, uma da coroa
portuguesa e outra, da cora espanhola. As imensas porções de terras eram
cedidas às pessoas da nobreza portuguesa e pessoas de confiança do rei, que, em
troca de um sexto de toda produção e da vigilância constante dessas áreas,
tinham o direito de produzir, explorar a mão de obra local e desfrutar dos
benefícios da terra.
Esse sistema regido
por capitanias durou aproximadamente até meados 1821, pouco mais de um ano da
declaração de independência.
Em 1822, com a
independência do Brasil, ocorre o contrário do que se esperava no sistema de
distribuição de terras, pois, a partir daí, sem nenhuma lei específica que
regulamentasse a distribuição fundiária, a organização de terras se dava pela
"lei do mais forte". Não envolvia, ainda, trabalhadores rurais
formais, pois esses eram escravos em sua grande maioria, a briga se dava entre
os antigos proprietários, grandes fazendeiros e novos grileiros apoiados por
bandos armados.
A única delimitação
pública que existia nesse sentido de distribuição de terras era a da proibição
da ocupação de terras públicas, a não ser que fossem compradas por dinheiro do
império; isso favoreceu ainda mais os grandes latifundiários, únicos que tinham
condições financeiras para adquirir terras públicas, expandindo assim ainda
mais suas terras.
Além de haver as
primeiras discussões a respeito da reestruturação fundiária; porém, sem maiores
providências nesse sentido, esse foi também um período marcado pela violência
e por muitas mortes devido às disputas
desenfreadas por terras.
Em 1850, o governo
institui o que se conhece como o Primeiro Código de Terras do Brasil, onde se
elabora a Lei de Terras, de 1850 no processo que o Império tenta consolidar a
“nação brasileira”. Era necessária uma reestruturação no aspecto fundiário
entre outras muitas reformulações.
Era de fundamental
importância estabelecer uma relação entre estado e proprietários de terras, uma
vez que estes segundos tinham um papel importantíssimo na estrutura social e
política do Estado Imperial.
A Lei de
terras, veio como um marco do Brasil império que num contexto da sociedade
mundial, na qual a Europa, movida pela
expansão do capitalismo, vivia uma grande evolução comercial e social. O Brasil
precisaria não só reorganizar essa
estrutura, como também dar à terra um caráter mais comercial, do que
social, como era observado pelos grandes engenhos e latifúndios de pessoas
influentes.
A terra passa a ser
um importante e fundamental gerador de lucros para a economia do estado.
Passa-se com a lei de 1850 a regulamentarmos-se o registro público de todas as
terras e o governo passava a ter o controle total de terras devolutas, isto é,
terras que apesar de terem proprietários, não produziam. Isso ficou conhecido, apesar de timidamente,
e ineficazmente, como um primeiro plano de reforma agrária no Brasil. Realmente, freou um pouco a expansão
latifundiária; porém, agora, os latifúndios passam a ficar nas mãos do governo
e ainda de “coronéis latifundiários”,
que tinham influência política determinante para manter seus domínios
territoriais no interior.
Sem
conseguir comercializar as terras devolutas, devido ao alto preço, nem impedir ou delimitar a atuação dos
coronéis, o governo passa a acumular terras públicas.
Em 1889, após a abolição da escravatura, o perfil da
distribuição de terras pouco mudara, permanecendo por um bom período com a
mesma configuração.
Somente ao final da
década de 1950, com o advento da industrialização e a maior urbanização do país
(dividindo o foco da economia, antes apenas agrícola, agora com insumos
industriais, e de bens e serviços), é que se começa a debater junto à sociedade
a questão de terras no Brasil. Período esse em que já se cauterizava um
contexto injusto, e o reparo das injustiças sociais seria uma tarefa difícil,
em longo prazo, para se corrigir séculos de disparidade.
Nesse período, surgem as primeiras Ligas
Camponesas do Governo Federal, criou-se a partir delas a Superintendência de
Reforma Agrária (SUPRA). Essas duas
formas de reestruturação foram duramente refutadas e combatidas com o
implemento do regime militar em 1964. Porém, numa forma de “contradição
positiva”, o Governo Federal militar estabelece novas diretrizes para a questão
fundiária, elaborando o Estatuto da Terra que foi editado da lei nº 4.504, de
1964; criando o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA) e o Instituto Nacional
de Desenvolvimento Agrário (INDA), em substituição à antiga SUPRA.
Existiam, nessa
época, esses órgãos que, de certa forma, normatizavam o sistema de Reforma
Agrária no Brasil; porém, ainda não havia um plano nacional para a pauta
Reforma Agrária. Em 04 de novembro de 1966, o Governo Federal lançou primeiro
Plano Nacional de Reforma Agrária, que nunca saiu do papel; só em 1970, através
do decreto nº 1.110 criou-se o instituto que ainda hoje é responsável pelas
questões agrárias no país, o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária).
Além de uma
sistematização mais efetiva da redistribuição fundiária, o governo através do
INCRA também visava colonizar a região norte e a Amazônia, que em contraste com
o quadro geral nacional, são pouco habitadas. Porém, essa experiência não
obteve êxito, devido ao quadro político da época e a forma de execução desse
projeto plantação
A pauta da
reforma agrária no Brasil voltou a ser tratada com mais intensidade a partir da
redemocratização em 1984, ocasião onde se lançou posteriormente o decreto nº
97.766, que previa até 1989 através de um novo Plano Nacional de Reforma
Agrária, ambição utópica de realizar a
distribuição de 43 milhões de hectares a mais de 1,4 milhões de famílias
identificadas na época como não tendo terras para morar e produzir.
A Constituição de 1988 assegurou o direito por parte da
União à desapropriação de terras particulares para fins de reforma agrária.
Dentro desse novo
plano, o governo cria um Ministério Extraordinário para o Desenvolvimento e
Reforma Agrária (MIRAD), que não obteve êxito perante a meta traçada de 1,4
milhões de famílias, observando-se, em 1989, um quociente de 82.689 famílias
assentadas em pouco mais de 4,5 milhões de hectares, bem abaixo da meta
estipulada pelo novo plano de reforma agrária.
Durante esse período de intensos debates, o INCRA chegou a
ser extinto em 1987, juntamente ao MIRAD em 1989, e a pauta da Reforma Agrária
em 1989 passa ser então do Ministério da Agricultura.
Devido à falta de um respaldo político nessa questão e a
escassez de orçamento para esse tema, mesmo com a recriação do INCRA, a Reforma
Agrária ficou estagnada durante muitos anos. Até que, em 1996, esse tema passa
a ser diretamente vinculado à Presidência da República, que cria, por sua vez,
o Ministério Extraordinário de Política Fundiária, que posteriormente foi
incorporado ao INCRA, e, em 14 de janeiro de 2000, a partir do decreto 3.338,
criou-se então o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), órgão responsável
pela política de reforma agrária atual, incorporando também o INCRA em sua
estrutura.
INCRA. Reforma Agrária
Publicado em Sexta, 02 Dezembro 2011 12:47
Reforma agrária é o conjunto de medidas para promover a
melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de posse e uso, a
fim de atender aos princípios de justiça social, desenvolvimento rural
sustentável e aumento de produção. A concepção é estabelecida pelo Estatuto da
Terra (Lei nº 4504/64). Na prática, a reforma agrária proporciona:
A desconcentração e a democratização da estrutura fundiária;
A produção de alimentos básicos;
A geração de ocupação e renda;
O combate à fome e à miséria;
A diversificação do comércio e dos serviços no meio rural;
A interiorização dos serviços públicos básicos;
A redução da migração campo-cidade;
A democratização das estruturas de poder;
A promoção da cidadania e da justiça social.
De acordo com as diretrizes estabelecidas no II Programa
Nacional de Reforma Agrária, implantado em 2003, a reforma agrária executada
pelo Incra deve ser integrada a um projeto nacional de desenvolvimento,
massiva, de qualidade, geradora de trabalho e produtora de alimentos. Deve,
ainda, contribuir para dotar o Estado dos instrumentos para gerir o território
nacional.
O que se busca com a reforma agrária atualmente desenvolvida
no País é a implantação de um novo modelo de assentamento, baseado na
viabilidade econômica, na sustentabilidade ambiental e no desenvolvimento
territorial; a adoção de instrumentos fundiários adequados a cada público e a
cada região; a adequação institucional e normativa a uma intervenção rápida e
eficiente dos instrumentos agrários; o forte envolvimento dos governos
estaduais e prefeituras; a garantia do reassentamento dos ocupantes não índios
de áreas indígenas; a promoção da igualdade de gênero na reforma agrária, além
do direito à educação, à cultura e à seguridade social nas áreas reformadas.
O problema do Brasil é a má distribuição da riqueza
Quarta-feira. 15 de junho de 2005 por Zacharias Bezerra de
Oliveira
“O Brasil não é um país pobre. O Brasil comparativamente à
renda per capita dos outros países está à frente de 2/3 dos países do mundo. A
renda per capita de cada um dos brasileiros dá para prover uma cota diária de
alimentação seis vezes a dieta calórica suficiente para cada um dos
brasileiros. Temos uma renda per capita que dá para suprir três vezes a quantia
necessária para uma cesta básica do cidadão; dá para prover que o cidadão tenha
atendimento em educação, em habitação e em saúde”. Foi o que declarou ontem,
dia 14, Ricardo Morishita, diretor do Departamento de Proteção e Defesa do
Consumidor (DPDC), do Ministério da Justiça, na Assembléia Legislativa do
Ceará, em Fortaleza, perante professores de vários municípios cearenses e
alguns deputados estaduais.
Segundo Morishita, o que temos no Brasil, na verdade, é um
problema de distribuição de renda. “Só entenderemos qual é a nossa dificuldade
quando entendermos o problema da distribuição de renda nesse país”. A questão,
insistiu ele, não é gerar riqueza, mas fazer a distribuição adequada dessa
riqueza. “Vinte por cento da população mais rica do Brasil ganham 25% mais que
os 20% da população mais pobre; na Holanda essa diferença é de 5%; na Índia,
ela não chega a 5%. Nosso problema não é crescer economicamente, mas distribuir
o que já temos”. Essa desigualdade, acrescentou, é o fundamento da má
distribuição de renda, é o significativo da pobreza no Brasil. O palestrante
informou que 34% da população brasileira vivem em estado de pobreza e 15% vivem
num estado classificado tecnicamente como de extrema pobreza. “Isto significa
tecnicamente que esses 15% nasceram pobres, vão morrer pobres e seus filhos vão
continuar sendo pobres porque, do ponto de vista econômico, eles não conseguem
quebrar esse círculo vicioso”.
Ricardo Morishita veio ao Ceará participar do Lançamento da
Campanha “Educação para o Consumo – Necessidade e Direito do Cidadão”. Trata-se
de um curso para os coordenadores do projeto Eu Sou cidadão – Amigos da
Leitura. O projeto realizado pela Associação das Primeiras Damas do Estado do
Ceará, em pareceria com a Assembleia Legislativa, e vai atingir 100 municípios
cearenses, divulgando o Código de Defesa do Consumidor, através dos Amigos da
Leitura, do projeto Eu Sou Cidadão. A Associação Alternativa Terrazul, que
trabalha a sustentabilidade e está em processo de formação de uma Liga de
consumidores Conscientes do Ceará, estava presente ao evento. Leia abaixo, a
íntegra da palestra do técnico do Ministério da Justiça.
“Para compartilhar idéias que permeiam um projeto de
Educação para o Consumo é preciso primeiro contextualizar: a educação, de todos
os projetos e programas que temos no nosso país, da representatividade que a
educação tem em nosso país. Eu tenho insistido nesse ponto pela dimensão, a densidade
que a educação pode representar. Eu queria começar num contexto bastante
preciso porque se fala em educação e não se fala na condição social do país, um
dos maiores desafios do país.
Como vamos enfrentar essa má distribuição de renda? Há
sempre programas econômicos macro, programas econômicos micro, mas como criar
condições de acesso à igualdade a toda nossa população, a toda nossa sociedade?
O que precisamos perguntar, nós que somos professores, eu também sou professor
e sou filho de professor, como posso, na pedagogia do dia-a-dia, garantir a
cada cidadão, a cada cidadã, essa igualdade, este acesso a essa igualdade que
nos ajuda a alcançar um equilíbrio e uma melhor distribuição de renda para o
país. Como pode, por exemplo, alguém obter o direito de pleitear essa igualdade
se ele desconhece esse direito? Será que todos sabem que têm alguns direitos
que são básicos. O direito à informação, por exemplo, quantos conhecem o Código
de Defesa do Consumidor ou sabem de sua existência? Por que o direito à informação
é tão importante e tão estratégico para cada consumidor? Porque é através da
informação que se garante minimamente o direito à prevenção. O prazo de
validade de um produto passou a ser colocado na etiqueta depois da criação do
Código de Defesa do Consumidor. A validade de um produto é um direito à
informação. É o direito à informação, portanto, que cria uma série de
igualdades para todos os cidadãos e cidadãs. Quando se compra um celular e ele
apresenta defeito, a empresa tem 30 dias para resolver o problema. Passado esse
prazo, o consumidor pode exigir a devolução do dinheiro, a troca do aparelho ou
negociar um abatimento no preço, caso resolva continuar com o mesmo aparelho.
Sem essa informação o consumidor não tem como exigir seus direitos e acaba se
conformando com o prejuízo. Isso não é correto, isso não é cidadania. Mas é
preciso reclamar, exigir. Quando o consumidor luta pelos seus direitos, as
empresas acabam criando a situação para atendê-los. Somente assim se consegue
garantir que o direito do consumidor seja preservado.
Cada vez que um consumidor ou consumidora exige o seu
direito, ele não tem apenas uma proteção individual, ele tem uma proteção
coletiva. Essa garantia de direitos reforça a nossa liberdade e reforça a nossa
garantia de cidadania.
A principal conquista do Código de Defesa do Consumidor é
que ele não trouxe apenas o direito à cidadania, o direito a ser informado, mas
ele trouxe uma conquista de outros valores para a sociedade no dia-a-dia de que
o SER é mais importante que o TER, de que o respeito é duplamente importante
para cada um de nós. Há alguns anos, o presidente de uma indústria farmacêutica
que usava farinha para fabricar pílula anticoncepcional chegou a declarar que
‘existe remédio que é bom para otário’. Nossa sociedade hoje não aceita mais
esse tipo de comportamento, de conduta. A gente não aceita mais a figura do
espertinho, daquele que quer levar vantagem em tudo. O Código de Defesa do
Consumidor chegou impondo valores, atitudes de boa fé, deixando claro que não vale
a pena enganar o consumidor, que não dá para trapacear, que não é possível mais
burlar a boa fé das pessoas.
Nestes 15 anos do Código de Defesa do Consumidor nós temos
um grande capital de valores éticos e morais que o Código trouxe. Quando ele
diz que cada cidadão tem o direito a ser informado, ele está dando uma garantia
de respeito, que cada cidadão seja respeitado pelo simples fato de ser cidadão.
Criar oportunidades para que o cidadão não seja lesado é garantir a esse
cidadão ou cidadã a sua própria cidadania. A educação não combate apenas a
desigualdade de acesso à informação, mas também as desigualdades econômicas e
de tratamentos sociais. O grande desafio do professor é despertar nos
consumidores a vontade de ser cidadão, de participar, de continuar a exercer a
sua cidadania.
Nós que somos professores temos um longo desafio que é
acrescentar nessa pedagogia o direito que cada cidadão tem de não ser lesado,
de ser tratado como pessoa e não como uma coisa, como um número ou como uma
conta bancária. São esses elementos que nos ajudam a construir um país melhor.
A educação garante o acesso à liberdade, igualdade, ela faz com que as pessoas
exerçam os seus direitos, a sua cidadania, e isso faz com as pessoas tenham uma
qualidade de vida melhor e que o país possa crescer. A educação não vai
resolver, mas de uma coisa eu tenho certeza, sem ela quase nada mudará nesse
país. O sociólogo Betinho já dizia: ‘O social tem tudo a ver com o econômico’.
Sem o social o país não cresce, não se vai a lugar algum. Educação não se faz
de graça, custa caro para o país, mas é um dos investimentos mais adequados
para o desenvolvimento da nação”
Estrutura Fundiária
Entre os aspectos que delimitam a estrutura fundiária estão
as categorias das propriedades rurais.
Grande parte da produção de alimentos no Brasil é realizada
em minifúndios.
Grande parte da produção de alimentos no Brasil é realizada
em minifúndios.
O estatuto da terra, conforme o seu discurso oficial, tem
como objetivo principal a socialização do acesso à propriedade rural, além de
modernizar todo o sistema agrário para contribuir com o crescimento econômico
no país.
Para uma melhor análise do Estado sobre a realidade do campo
brasileiro, foi necessária a elaboração de um censo, isso passou a ser executado
no ano de 1964. O censo tem também a finalidade de classificar os imóveis
rurais, além da coleta convencional de faixa etária e sexo.
Para uma melhor classificação das propriedades, foi preciso
padronizar os imóveis rurais, denominados de módulos rural e fiscal. Para
estabelecer o módulo rural e fiscal são analisados basicamente três aspectos:
• Localização: se o imóvel rural se encontra próximo de
grandes centros e conta com infraestrutura terá uma área menor;
• Fertilidade e clima: quanto maiores as condições para o
cultivo, menor será a área;
Depois dessa padronização, foram estabelecidas as categorias
de propriedades.
• Minifúndio: são pequenas propriedades rurais responsáveis
pela produção de cerca de 70% de todo alimento consumidos no país, com
utilização em geral de mão de obra familiar;
• Latifúndio por dimensão: corresponde a grandes
propriedades rurais, com atividade vinculada à agroindústria e seus produtos
geralmente são destinados ao mercado externo;
• Latifúndio por exploração: esse tipo de propriedade tem
como característica a improdutividade, pois o proprietário adquire terras com
intuito de desenvolver especulação imobiliária, dessa forma não há nenhuma
intenção de cultivá-las, produzindo empregos, impostos e colaborando com o
crescimento econômico do país;
• Empresa rural: propriedade de porte médio e grande que
produz matéria-prima (laranja, soja, cana-de-açúcar, leite, carne, entre
outros) destinada para as agroindústrias.
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) é um dos mais
importantes movimentos sociais do Brasil, tendo como foco as questões do
trabalhador do campo, principalmente no tocante à luta pela reforma agrária
brasileira. Como se sabe, no Brasil prevaleceu historicamente uma desigualdade
do acesso a terra, consequência direta de uma organização social
patrimonialista e patriarcalista ao longo de séculos, predominando o grande
latifúndio como sinônimo de poder. Desta forma, dada a concentração fundiária,
as camadas menos favorecidas como escravos, ex-escravos ou homens livres de
classes menos abastadas teriam maiores dificuldades à posse da terra.
Assim, do Brasil colonial da monocultura a este do
agronegócio em pleno século XXI, o que prevalece é a concentração fundiária, o
que traz à tona a necessidade da discussão e da luta política como a encabeçada
pelo MST.
Conforme Bernardo M. Fernandes em seu livro A formação do
MST no Brasil (2000), o MST nasceu da ocupação da terra e tem nesta ação seu
instrumento de luta contra a concentração fundiária e o próprio Estado. Segundo
este autor, pelo fato da não realização da reforma agrária, por meio das
ocupações, os sem–terra intensificam a luta, impondo ao governo a realização de
uma política de assentamentos rurais.
A organização do MST enquanto movimento social começou nos
anos 80 do século passado e hoje já se faz presente em 24 estados da federação,
fato que ilustra sua representatividade em termos nacionais. A fundação deste
movimento se deu em um contexto político no qual o duro regime militar que se
iniciava na década de 60 do século passado chegava ao fim, permitindo à
sociedade civil brasileira uma abertura política para reivindicações e debates.
Neste contexto de redemocratização do país, em 1985 surgiu a proposta para a
elaboração do primeiro PNRA (Plano Nacional da Reforma Agrária). Sua segunda
versão (II PNRA) foi proposta apenas em 2003, no governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Os objetivos do MST, para além da reforma agrária, estão no
bojo das discussões sobre as transformações sociais importantes ao Brasil,
principalmente àquelas no tocante à inclusão social. Se por um lado existiram
avanços e conquistas nesta luta, ainda há muito por se fazer em relação à
reforma agrária no Brasil, seja em termos de desapropriação e assentamento,
seja em relação à qualidade da infraestrutura disponível às famílias já
assentadas. Segundo dados do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária), o número de famílias assentadas nestes últimos anos foi de 614.093,
sendo criados neste mesmo período 551 assentamentos. Ainda conforme o INCRA, no
total, o Brasil conta com 85,8 milhões de hectares incorporados à reforma
agrária e um total de 8.763 assentamentos atendidos, onde vivem 924.263
famílias.
Os números apresentados são positivos. Porém, se levarmos em
consideração as afirmações do próprio MST e de especialistas no assunto, até
2010 havia ainda cerca de 90 mil famílias acampadas pelo país, o que representa
uma demanda por terra considerável por se atender, a despeito dos avanços
sugeridos anteriormente. Em relação à infraestrutura disponível a estas
famílias, alguns dados apresentados pela Pesquisa de Avaliação da Qualidade dos
Assentamentos da Reforma Agrária promovida pelo INCRA em 2010 são muito
significativos. A pesquisa mostra que 31,04% dos assentamentos possuem
disponibilidade de energia, mas com quedas constantes ou com “pouca força” e
22,39% não possui energia elétrica, o que significa que mais da metade dos
domicílios não contam plenamente com este benefício. No tocante ao saneamento
básico, os dados também mostram que ainda é necessário avançar, pois apenas
1,14% dos assentamentos contam com rede de esgotos, contra 64,13% (somados
fossa simples e fossa “negra”) que possuem fossas. A dimensão negativa destes
dados repete-se na avaliação geral de outros fatores como a condição das
estradas de acesso e de satisfação geral dos assentados, tornando-se mais
significativa quando quase a metade dos assentados não obteve algum
financiamento ou empréstimo para alavancar sua produção. Isso mostra que muito
ainda deve ser feito em relação aos assentamentos, pois apenas com o acesso a
terra não se garante a qualidade de vida e as condições de produção do
trabalhador do campo.
Se por um lado a luta
pela terra além de ser louvável é legítima, por outro, os meios praticados pelo
movimento para promover suas invasões em alguns determinados casos geram muita
polêmica na opinião pública. Em determinados episódios que repercutiram
nacionalmente, o movimento foi acusado de ter pautado pela violência, além de
ter permeando suas ações pela esfera da ilegalidade, tanto ao invadir propriedades
que, segundo o Estado, eram produtivas, como ao ter alguns de seus militantes
envolvidos em depredações, incêndios, roubos e violência contra colonos dessas
fazendas.
Contudo, vale ressaltar que em muitos casos a violência e a
ação truculenta do Estado ao lidar como uma questão social tão importante como
esta também se fazem presentes. Basta lembrarmos o episódio do massacre de
Eldorado de Carajás, no Pará, em 1996, quando militantes foram mortos em
confronto com a polícia. A data em que ocorreu este fato histórico, 17 de
Abril, tornou-se a data do Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária. Se a
polêmica da violência (seja por parte do movimento, seja do Estado) não
bastasse, outras vêm à tona, como a da regularização fundiária pelo país, a
qual pode atender a interesses de latifundiários e famílias ligadas ao
agronegócio. Dessa forma, a despeito das críticas que recebe (não apenas por
seus atos polêmicos em si, mas algumas vezes por desconhecimento da opinião
pública influenciada por uma mídia que pode ser tendenciosa), o MST trata-se de
um instrumento importante na transformação de uma realidade rural no país: a
concentração fundiária.
A reforma agrária está entre tantas outras reformas que a
sociedade brasileira tanto almeja para uma agenda de erradicação da miséria e
da desigualdade, valorizando a função social da terra. Assegurar os direitos do
trabalhador do campo é, ao mesmo tempo, defender sua dignidade enquanto
brasileiro.
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