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PROFESSOR
Edson Luís Moura Corassi, professor licenciado em Geografia (plena).

Disciplina Específica da Licenciatura:
• Geografia
• Geografia Suplência
• Geografia Geral
• Geografia do Brasil
• Geografia Humana
• Geografia Física
• Geociencias
• Geografia Aplicada
• Geografia Regional
• Geografia Turística
• Geoeconomia
• Geopolítica
• Geografia - Cartografia
• Atualidades em Geografia

Professor de história I, EMC, OSPB.
- Especialista em cursinhos pré-vestibular.

Sagitariano, Cristão, São Paulino,.

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sexta-feira, 30 de outubro de 2009
A QUESTÃO IRLANDESA (IRA).

Exército Republicano Irlandês

Em setembro de 1997, o IRA (Exército Republicano Irlandês) propôs um cessar-fogo

ao Reino Unido, com o intuito de poder sentar-se à mesa de negociações e discutir o

futuro da Irlanda do Norte. Não era sem tempo. O conflito na Irlanda tem promovido

lutas sangrentas com inúmeros mortos por mais de um século, fruto da violência

imposta por grupos radicais na busca de solução para problemas antigos.

A questão irlandesa entre católicos e protestantes teve início com a própria história

do Reino Unido. No início do século XII, a Ilha da Irlanda, então dominada pelos

normandos, foi cedida ao rei inglês Henrique II. Por volta de 1534, um episódio entre o

então soberano Henrique VIII e o papa Clemente VII foi utilizado pela nobreza inglesa,

descontente com os tributos pagos a Roma, para romper seus laços com a Igreja

Católica. O rei pretendia anular seu casamento com Catarina de Aragão, membro da

Casa Real Espanhola, para se casar com Ana Bolena. Como o papa, pressionado por

Carlos V, rei da Espanha e do Sacro Império Romano-Germânico, não o atendeu,

Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica e criou a Igreja Anglicana (protestante).

Além da questão matrimonial, com isso se resolveu o problema dos tributos.

Os séculos seguintes foram marcados por forte perseguição aos católicos da Irlanda e

pela expansão do poder protestante na ilha por meio de sucessivas migrações inglesas

para a região. Em 1801, através do Union Act, a Irlanda foi anexada ao Reino Unido da

Grã-Bretanha, passando a fazer parte do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda .

No século XIX, a minoria católica se organizou em um movimento pela

independência da Irlanda e de resistência às imposições coloniais britânicas. Esse

movimento pode ser identificado como a gênese do IRA e do Sinn Feinn, o primeiro de

caráter militar e o segundo de caráter político.

No início do século XX, por volta de 1916, os nacionalistas do Sinn Feinn

desencadearam a Revolta da Páscoa, que se transformou no pavio aceso para a eclosão

da Guerra Anglo-Irlandesa, que se iniciou em 1918 e terminou apenas em 1922. O

resultado desse conflito foi o primeiro Ireland Act, documento com o qual se

estabeleceu a formação de um Estado independente ao sul da ilha, o Eire, de maioria

católica e associado ao Reino Unido. O norte da ilha, a Irlanda do Norte, ou Ulster,

continuou diretamente ligado ao Reino Unido, por ter maioria protestante.

Em 1937, o primeiro-ministro do Eire, Éamon de Valera, promulgou a Constituição

que fez da Irlanda uma nação soberana dentro da Comunidade Britânica. Em 1949, esse

ato foi ratificado com o segundo Ireland Act, dessa vez com o aval da Inglaterra, que

aceitou a independência, sendo então proclamada a República da Irlanda.

A maioria católica do Ulster, além de sofrer perseguições de ordem religiosa, vivia

uma situação de grande injustiça social, como resultado da ocupação colonial dos

séculos anteriores. Nesse contexto, o IRA permaneceu como base de sustentação para

sua luta com o objetivo de unir o Ulster à República da Irlanda, deixando para trás

séculos de influência e dominação britânicas. Os unionistas, protestantes descendentes

dos colonos ingleses, queriam continuar como província do Reino Unido.

Desde a década de 1960, os dois grupos têm se confrontado violentamente,

utilizando-se de táticas terroristas.

Em março de 1972, com o aumento da violência, o governo britânico assumiu a

administração do Ulster, retirando a autonomia da Irlanda do Norte, que podia até então

manter parlamento próprio. O IRA ampliou suas ações terroristas desde então, causando

várias baixas no Exército britânico. Somaram-se, desde o final da década de 1960, mais

de 3 mil mortos nos conflitos entre católicos e protestantes. A partir de 1972, a

organização atravessou o mar e passou a agir em solo britânico, para chamar a atenção

do mundo para a sua causa.

O IRA possui dois braços para a ação política. Um deles, o Sinn Feinn, busca, por

intermédio da política e da legalidade, influir nas decisões do Parlamento britânico. O

outro, formado por extremistas radicais conhecidos como povos, atua de maneira

terrorista, desde atacando lojas às vésperas do Natal até assassinando membros da

família real britânica.

Na década de 1990, o número de extremistas do IRA diminuiu muito e a organização

perdeu o apoio da população, cansada da violência. Diante disso e da necessidade de

manter um contingente oneroso de soldados para garantir a paz na região, o governo

britânico se dispôs a negociar com o da República da Irlanda uma saída pacífica para o

longo conflito.

Em julho de 1997, o IRA anunciou seu último cessar-fogo e, dois meses depois, em

setembro, o Sinn Feinn foi aceito para participar das negociações de paz. Em maio de

1998 ocorreu a assinatura do tratado de paz, ratificado por meio de um plebiscito que

obteve 71% de votos favoráveis na Irlanda do Norte e 94% na República da Irlanda.

Os principais pontos do acordo de paz defendem que:

• a Irlanda do Norte continue fazendo parte do Reino Unido, a menos que a maior

parte da população opte pela separação;

• seja eleita uma Assembléia de 108 membros, escolhidos entre católicos e

protestantes norte-irlandeses, que se renove a cada cinco anos e tenha como objetivo

definir políticas públicas que promovam o desenvolvimento econômico e de saúde no

país;

• um Conselho Ministerial atue entre as duas Irlanda na promoção do interesse

comum;

• sejam nomeados 12 membros para participar do Gabinete Ministerial como

representantes da comunidade irlandesa no governo britânico;

• o desarmamento dos grupos envolvidos seja total.

O acordo entrou em vigor em 2000, mas a paz sempre é uma incógnita, já que

durante anos a desconfiança marcou as relações entre britânicos e católicos da Irlanda

do Norte. Após os atentados de 11 de setembro nos EUA, os países ocidentais

intensificaram a sua preocupação com atentados terroristas, o que levou autoridades

britânicas a suspeitar de envolvimento entre o IRA remanescente e lideranças da Al

Qaida.